23 de junho de 2010

Enquanto vocês dormem...

Se vocês soubessem como esta noite está diferente. São três horas da madrugada, estou com uma de minhas insônias. Tomei uma xícara de café, já que não ia dormir mesmo. Botei açúcar demais, e o café ficou horrível. (...) está escuro. Tão escuro. Penso em pessoas de quem eu gosto: estão todas dormindo ou se divertindo. É possível que algumas estejam tomando uísque. Meu café se transforma em mais adocicado ainda, em mais impossível ainda. e a escuridão se torna tão maior. Estou caindo numa tristeza sem dor. Não é mau. Faz parte. Amanhã provavelmente terei alguma alegria, também sem grandes êxtases, só alegria, e isso também não é mau. É, mas não estou gostando muito deste pacto com a mediocridade de viver.


(clarice lispector)

22 de junho de 2010

*** Momento “O Primo Basílio” ***


 

Ainda contaminada pela atmosfera Queirosiana de quem passou os últimos dias submersa nas entrelinhas de "O Primo Basílio", a fim de construir um ensaio monográfico intitulado "O PRIMO BASÍLIO: A INTIMIDADE DA VIDA BURGUESA". Ficou pronto! Esse romance de tese é cativante.


 

"E Luisa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!" (p. 172)

Eça de Queirós, O Primo Basílio


 

*

*** Capas perfeitas ***

Tem artista que é o maior "no sense" na escolha da imagem para a capa de seus cd's. Como é que você põe qualquer porcaria para adornar, para ser o invólucro da sua estimada criação? No entanto, nem tudo está perdido, Sandy e Maria Gadú provaram ter um inegável bom gosto para este feito.

As imagens escolhidas para ilustrar a capa das produções deste ano dessas refinadas moçoilas falam por si. Ambientadas em cenários sublimes, que transbordam inspiração, nos fazendo pensar:"cara, como é que não pensei nisso antes?", são um adorável regozijo para nossas retinas tão fatigadas com tanta falta de sensibilidade que circula entre os –infelizmente- nossos pseudo-artistas tomados por um verdadeiro vácuo criativo.

Claro que o conteúdo também não pode ser "começi-começa", e elas arrancam elogios por esse motivo também, pois, as composições, as melodias e os arranjos são de primeiríssima qualidade. Vale muito à pena conferir... e, antes que me esqueça: "gente, deixa de criticar a pobre da Sandy".











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